quinta-feira, 10 de julho de 2008

Capoeira como Patrimônio Cultural do Brasil

No dia 15 de julho de 2008, em cerimônia a ser realizada no Teatro Castro Alves, às 19h, o Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (IPHAN), do Ministério da Cultura (MINC), vai apresentar o Inventário para o registro e salvaguarda da capoeira como patrimônio cultural do Brasil. O próximo passo a ser dado é na direção da consagração da capoeira no Panteão da Unesco como patrimônio da humanidade. Este reconhecimento, mais do que justo, vem num momento em que esta manifestação se legitimou como um dos principais símbolos da cultura brasileira, e que se faz presente em diversos países do mundo.Este ato de reconhecimento foi justificado pelas entidades propiciadoras, como indispensável à preservação da singularidade e representatividade da capoeira, e adoção de políticas públicas que facilitem o desempenho dos capoeiristas no exercício do seu ofício e de fazer fluir o destino da capoeira de espalhar-se pelo mundo afora. Neste sentido, o MINC já antecipou um programa de apoio a esta manifestação, denominado Capoeira Viva, com medidas que visam à valorização, promoção e consolidação da capoeira, a partir de ações que: apóiem projetos socioeducativos destinados a crianças e adolescentes; incentivem pesquisas inéditas sobre o assunto; alimentem e possibilitem o funcionamento de acervos e centros de referências; estimulem projetos que se expressem por meio de mídias e suportes digitais. Neste momento histórico, a capoeira dá por vencida as perseguições e os preconceitos que sobre ela recaíram no passado e que ameaçaram o curso da sua vida. É um momento de reverenciar os mestres Pastinha, Bimba, Noronha, Canjiquinha, Cobrinha Verde, Waldemar, Caiçara e muitos outros que, enfrentando muitas adversidades, construíram o caminho para a afirmação cultural e social da capoeira, motivo deste reconhecimento por parte do IPHAN/MINC.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

As histórias como bálsamos medicinais[1]

Clarissa Pinkola Estés


Aqui vou esboçar para vocês parte da tradição de contar histórias onde estão minhas origens...
Sempre que se conta um conto de fadas, a noite vem. Não importa o lugar, não importa a hora, não importa a estação do ano, o fato de uma história estar sendo contada faz com que um céu estrelado e uma lua branca entrem sorrateiros pelo beiral e fiquem pairando acima da cabeça dos ouvintes. Às vezes, ao final de um conto, o aposento enche-se de amanhecer; outras vezes um fragmento de estrela fica para trás, ou ainda uma faixa de luz rasga o céu tempestuoso. E não importa o que tenha ficado para trás, é com essa dádiva que devemos trabalhar: é ela que devemos usar para criar alma.

Na maior parte das vezes, a hora de contar histórias é determinada pelas sensibilidades internas e pela necessidade externa. Algumas tradições designam épocas específicas para contar histórias. Entre as tribos dos pueblos, as histórias do coiote eram reservadas para serem contadas no inverno. Certas histórias da Europa Oriental somente são contadas no outono, depois da colheita. No trabalho com arquétipos e com a cura, avaliamos bem a hora de contar histórias. Examinamos cuidadosamente a hora, o lugar, a pessoa, a medicação necessária. No entanto, com grande freqüência, mesmo essas medições são frágeis. Na maioria das vezes, contamos histórias quando somos convocados por elas, não ao contrário.

Nas minhas tradições, existe um legado entre os contadores, através do qual um contador transmite suas histórias a um grupo de “sementes”. As sementes são contadores que, segundo o que o mestre espera, irão preservar a tradição como a aprenderam. Como as “sementes” são escolhidas é um processo misterioso que oferece um desafio a uma definição exata, pois ele não se baseia num conjunto de normas, mas, sim, num relacionamento. As pessoas escolhem-se mutuamente; às vezes elas vêm ao nosso encontro, mas com maior freqüência tropeçamos umas nas outras e nos reconhecemos como se nos conhecêssemos há séculos.

Nessa tradição, considera-se que as histórias são escritas como uma leve tatuagem na pele de quem as viveu. A formação de curanderas, cantadoras y cuentistas é muito semelhante. Ela deriva da leitura dessa escrita levíssima, do desenvolvimento do que se encontra nela.
Da mesma forma, na tradição de cantadora/cuentista, as histórias possuem pais, avós e às vezes padrinhos, que seriam a pessoa que lhe ensinou a história ou que a deu de presente para você (a mãe ou o pai da história), e a pessoa que ensinou a história a essa pessoa que a passou para você (o avô da história).

Na minha opinião é assim que deveria ser. Fornecer os créditos da história é muito importante, pois mantém o vínculo genealógico: nós estamos numa extremidade; a placenta, na outra. Os padrinhos da história são geralmente aqueles que acompanharam a história de uma benção. Às vezes é muito demorado o relato dos antecedentes da história, antes que cheguemos à história em si. Essa listagem de mãe e da avó da história, não é um preâmbulo longo e enfadonho, mas é, sim, temperada de pequenas anedotas. A história mais longa que se segue fica sendo, então, como um segundo prato.

Contar histórias é trazer à baila, trazer à tona. Não é uma atividade inútil. Embora haja o intercâmbio de histórias, quando duas pessoas trocam histórias como presentes mútuos, na maior parte dos casos elas chegaram a se conhecer bem. Desenvolveram um relacionamento de parentesco se ele já não existia. E é assim mesmo que deve ser.

Apesar de algumas pessoas usarem as histórias apenas para diversão, no seu sentido mais antigo as histórias são uma arte medicinal. Existem os que foram convocados por essa arte medicinal; e os melhores, na minha opinião, são os que se deitaram com a história e descobriram dentro de si mesmos e em profundidade todas as partes que se harmonizavam.

Ao lidarmos com as histórias, estamos trabalhando com a energia arquetípica, que é muito parecida com a eletricidade. Ela pode animar e iluminar, mas no local errado na hora errada e na quantidade errada, como qualquer medicamento pode produzir efeitos nem um pouco desejados. Às vezes, pessoas que coletam histórias não percebem o que estão pedindo quando querem saber uma história dessa dimensão. Os arquétipos nos modificam. Se não houver modificação, então não houve nenhum contato real com o arquétipo. Transmitir uma história é uma responsabilidade muito grande. Temos de nos certificar de que as pessoas estejam preparadas para as histórias que contam.

No caso dos melhores contadores que conheço, as histórias crescem das suas vidas como as raízes fazem crescer a árvore. É que as histórias os criaram, transformando-os no que eles são. É fácil notar a diferença. Sabemos logo quando alguém criou uma história e quando a história criou alguém. É deste último caso que trata a minha tradição.
Pode acontecer de um desconhecido me pedir uma das histórias que estive escavado e modelando durante anos. O relacionamento é tudo. Como guardiã dessas histórias, posso dá-las ou não. Isso não depende de nenhuma lista de pré-requisitos específicos, mas de uma ciência da alma, de acordo com o dia e com o relacionamento.

O modelo de mestre-aprendiz fornece o tipo de atmosfera conscienciosa na qual pude ajudar meus aprendizes a procurar e a desenvolver as histórias que irão aceitá-las , que irão brilhar através delas, não ficar simplesmente na superfície do seu ser como bijuteria barata. Há muitos tipos de possibilidade. Poucos são fáceis; os mais difíceis são muito mais numerosos. Positivamente, na história, ou no bálsamo medicinal, somos capacitadas pelo volume de self que estamos dispostas a sacrificar para investir nela.

Na tradição da cantadora, como na tradição da mesemondók, existe o que se chama de La Invitada, “a convidada” ou a cadeira vazia a cada vez que a história é contada. Às vezes, durante o relato de uma história, a alma de uma das ouvintes, ou de mais de uma, vem sentar-se ali por ser essa a sua necessidade. Embora eu possa ter material para toda uma noite, muitas vezes altero esse material para ajudar o espírito que veio para a cadeira vazia, ou para brincar com ele, “A convidada” sempre exprime as necessidades de todas.

Costumo estimular as pessoas a fazer sua própria escavação da história, pois as juntas arranhadas, o fato de dormir na terra fria, a procura na escuridão e as aventuras pelo caminho valem tudo. É preciso que haja um pouco de sangue derramado em cada história, se quisermos que ela tenha função balsâmica.

Espero que vocês saiam e deixem que as histórias lhes aconteçam, que vocês as elaborem, que as reguem com seu sangue, suas lágrimas e seu riso até que elas floresçam, até que você mesma esteja em flor. Então, você será capaz de ver os bálsamos que elas criam, bem como onde e quando aplicá-los. É essa a missão. A única missão.

[1] Posfácio do livro: “Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem”. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. Coleção Arcos do Tempo, 5ª edição.

Sobre a arte de contar histórias

Grupo Karingana Ua Karingana: ouvindo e contando histórias africanas



Sugestões de Leitura

ABRAMOVICH, F. 1997 – Litaruta Infantil: Gostosuras e Bobices. SP, Scipione.
BARBOSA, Rogério Andrade. 2001 – “Histórias africanas para contar e recontar”, SP, Ed. Brasil.
BARBOSA, Rogério Andrade. 2002 - “Como as histórias se espalharam pelo mundo”, SP, DCL.
BENJAMIM, Walter, 1995. Rua de Mão Única. Obras recolhidas II, Rio de Janeiro, Ed. Forense Universitária.
BENJAMIM, Walter, 1982. O narrador. Coleção Os Pensadores. Ed. Abril, São Paulo.
CASCUDO, L. da C. 2003 – Contos Tradicionais do Brasil. RJ Ediouro, 20ª ed. Coleção Terra Brasilis.
CHAUÍ, Marilena. 1984 – Repressão Sexual, essa nossa (des)conhecida. São Paulo, Brasileinse.
COELHO, Beth. 1991 – Contar histórias, uma arte sem idade. Rio de Janeiro, Rocco.
COELHO, Nelly Novaes. 1987 - O conto de fadas. São Paulo, Ática.
DARNTON, Robert. 1986 – O grande massacre dos gatos. Rio de Janeiro, Graal.
ESTÉS, Clarissa Pinkola, 1994. Mulheres que correm com os lobos: Mitos e histórias de arqueologia da mulher selvagem. Rio de Janeiro, Rocco.
ESTÉS, Clarissa Pinkola. 2005 - Contos dos Irmãos Grimm, Rio de Janeiro, Rocco.
FERREIRA, Marieta de Moraes e AMADO, Janaina (org), 1998 – Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 2ª edição.
FREIRE, P. 2003 – “A importância do ato de ler”. SP< Ed. Moderna.
GREENE, L. & BURKE J. S. 2001 – Uma Viagem Através dos Mitos:O Significado dos Mitos como um Guia para a Vida. RJ. Jorge Zahar Editor.
GRIMM, Jacob & GRIMM, Wilhelm. 1986 - Branca de Neve e outros contos de Grimm. Seleção e tradução de Ana Maria Machado. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
KHAWAJAH, Nasr Al-Din, séc 14 – “Histórias de Nasrudin”. RJ, Edições Dervish.
LIMA, Francisco de Assis de Souza. 1985 – Conto popular, comunidade e narrativa. Rio de Janeiro, Funarte/INL.
MACHADO, A. M. 2003 – “Menina bonita do laço de fita”. SP, Ática.
MATOS, G. A. 2005 – “A palavra do contador de histórias”. SP, Martins Fontes.
MATOS, G. A. & SORSY, I. 2005 – “O Ofício do Contador de Histórias – Perguntas e Respostas, Exercícios Práticos e um Repertório para Encantar”. SP, Martins Fontes.
MARQUES, Gabriel Garcia, 1995 – Como contar um conto.
MONTENEGRO, A.T. 1994 – História Oral e Memória: A Cultura Popular Revisitada. SP. 3ª ed: Contexto, Caminhos da História.
ORLANDI, E. P. 1988 – Método/História in: Discurso e Leitura. SP Cortez, Coleção Passando à Limpo.
PERRAUT, Charles. 1977 – Contos. Lisboa, Estampa.
PROPP, Wladimir S. 1984. Morfologia do Conto Maravilhoso. Rio de Janeiro, Martins Fontes.
RIBEIRO, J. 2004 - “Ouvidos dourados – a arte de ouvir as histórias... para depois contá-las”. SP, Ed. Ave Maria.
ROMERO, Silvio. 1985 – “Folclore Brasileiro: Contos Populares do Brasil”. SP, Ed. Itatiaia Ltda.
ROSA, Sonia. 2006 – “O menino Nito”. RJ, Pallas.
SANT’ANNA, Afonso Romano de. 1985. Paródia, paráfrase & Cia. São Paulo, Ática.
SIMPKINSON, Charles e SIMPKINSON, Anne (orgs). 2005 – Histórias Sagradas. Rio de Janeiro, Rocco.
SISTO, Celso, 2005 – Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. Série Práticas educativas, Curitiba, Positivo.
SOUZA, Ângela Leite de. 1996 – Contos de fada: Grimm e a literatura oral no Brasil. São Paulo Ática.
VOGLER, Christofher. 1997. A jornada do escritor: Estruturas místicas para contadores de histórias. Rio de Janeiro, Ampersand Editora.



Sites sobre o tema:

http://www.projetodejersey.com/contos.htm
http://www.rodadehistorias.com.br
http://www.historiadodia.com.pt
http://www.sitededicas.uol.com.br
http://www.jangadabrasil.com.br
http://www.contadoresdehistoria.pro.br
http://www.docedeletra.com.br
http://www.casadecontos.blogger.com.br
http://www.salves.com.br/contam.ll

http://www.karinganauakaringana.blogspot.com

karinganauakaringana@yahoo.com.br
www.karinganauakaringana.blogspot.com

Guerra Civil no Quênia?

Is Kenya heading toward a Civil War?
Ali Mazrui and David Ohito (2008-01-29)

In a question and answer letter, Ali Mazrui and David Ohito grapple with the question of whether Kenya is heading toward a civil war.Dear Prof Mazrui,The latest wave of violence is threatening the country.
In Nakuru the problem of ethic violence has emerged. Kikuyus are being attacked over land issues as historical injustices become the new phase of protest.Kibaki insists he was duly elected and sworn in and any election dispute should go to court as spelled out in the Constitution.Raila Odinga insists he is not going to a court full of Kibaki's appointees. The formula to a peaceful resolution remains elusive. what is your take on this? I agree with your predictions that many African Heads of States may have saved their countries from civil war.In Your opinion how far do you think will the International community wait before serious intervention other than mere statements? Is it good to impose sanctions economic, travel bans to Kenya?Are there any options the West, US, EU, UK, and even Asia can take to help save Kenya from being a failed state?Kofi Annan watched and acted too little too late as Rwanda degenerated into genocide. There was little international intervention.
He himself later said he acted too slow too late while he was UN Secretary General. Is history repeating itself here? Can Kofi Annan recommend faster options to salvage Kenya?Would you consider giving your proposals to Kofi Annan for a way forward and what would those options for a solution be?Give any remarks that would help hold Kenya together without degenerating into genocide or civil strife.Thank you.David OhitoDear Ndugu Ohito:In answer to your questions, I have lived long enough to know how civil wars begin in developing countries. I never expected there would be a civil war in Northern Uganda which would last twenty years, and unleash untold suffering and brutality. It has still not fully ended.When the Sudanese civil war was ending in the South, who would have predicted another civil war in Darfur? Ethiopia has had a variety of civil conflicts, the latest involving ethnic Somalis in the Ogaden. The brutalities of the Sierra Leonean civil war took everybody by surprise.
Can such a bloody breakdown happen in Kenya?
I am beginning to be truly fearful. What was once unthinkable is no longer inconceivable. While north of the Sahara the triggers of conflict are often religious, south of the Sahara they tend to combine ethnicity, power rivalry and economic deprivation.As soon as casualties of a conflict reach a thousand dead, several thousand injured and at least a hundred thousand displaced, speedy action is needed to contain the explosion. A mini-civil war could be in the making. Kenyans and the international community cannot afford to be complacent.Representatives of the African Union, the European Union, the United States, religious bodies, former African Heads of State, and Kofi Annan have approached the two sides of the Kenya conflict in terms of persuasion and the quest for a compromise.
We now need more pressure and threats from the international community.Initially the threats should be targeted at the elite, rather than the general population. Withholding economic aid would hurt the wider population, but suspending Kenya's membership of the African Union and the Commonwealth would deprive us of credentials to sit at the summit meetings, or meetings of foreign ministers, of such international organizations. Specific members of both the government and the opposition could be deprived of Visas to the western world if they are identified as extremists against the search for solutions.Many members of the Kenyan elite also have Bank accounts abroad. The international community could threaten to freeze such bank accounts if there is no effort to solve the Kenya crisis.
Normally, the international community does not try to intervene in Africa until the problem is truly catastrophic. That has been the situation in Congo-Kinshasa, in Rwanda, Darfur and in Somalia. Kenya is a situation of trying to prevent a crisis from becoming a catastrophe. There is still time - but not a lot of time to avert an explosion.Kofi Annan is trying his best, but he needs help in the form of massive political pressure on both sides. If mediation is not working, it may be time to threaten specific international sanctions, beginning with elite-focused threats of consequences.What is at stake is not just the political stability of Kenya. It is also the economic viability of Eastern Africa as a whole. Kenya's economy has vibrations of region-wide consequences. How can we avert a region-wide catastrophe?We are still far from a civil war. But our leaders should start discussing how to secure our borders against gun-running and importation of weapons. The border with Somalia especially needs to be secured, but without keeping out Somali refugees.
Our leaders may also have to consider whether or not it is time to seek international help for peacekeeping in the Rift Valley. The situation is grave. Have we declared a state of emergency in the Rift Valley?
Yours sincerely,
Ali A. Mazrui*
Ali Mazrui is Director, Institute of Global Cultural Studies, Albert Schweitzer Professor in the Humanities, Binghamton University, State University of New York at Binghamton, New York, USA and Chancellor, Jomo Kenyatta University of Agriculture and Technology, Thika and Nairobi Kenya.* David Ohito
 is a Senior Reporter
THE STANDARD
Nairobi, Kenya* Please send comments to editor@pambazuka.org or comment online at http://www.pambazuka.org/
ISSN 1753-6839 Fahamu

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

E sobre a palavra, conceito tribo?

O que os comentaristas do Pambazuka pensam sobre a permanência desse termos quando descrevemos sociedades africanas contemporâneas? Vejam o artigo do Pambazuka news.